Morte Súbita em Jovens no Treinamento

A atividade esportiva, competitiva, intensa e desgastante, sempre envolve algum risco cardíaco, mesmo quando quem a pratica é um esportista amador, que tenta apenas quebrar o seu próprio recorde de velocidade e resistência.

Considerando que, acima de 35 anos de idade o coração geralmente mata pelo enfarte, nos mais jovens a “morte súbita” tem duas causas principais: a miocardiopatía hipertrófica idiopática, que é relacionada à herança familiar e em geral, o atleta não sabe que tem. E a hipertermia, que é o aquecimento excessivo do corpo.

Junto desta última situação, encontramos, em geral, a desidratação e o desequilíbrio dos sais orgânicos – sódio, potássio etc. – A literatura mostra que, para os indivíduos com menos de 35 anos, dentre as causas cardíacas, devemos considerar, a origem anômala das coronárias, as síndromes arritmogênicas, infecciosa e a cardiopatia chagásica. Contudo, estes dados devem ser criteriosamente avaliados conjuntamente com uma detalhada análise do histórico familiar.

Na miocardiopatia hipertrófica, ocorre o aumento exagerado da musculatura do coração, tornando a parede mais espessa que o normal. Esta situação pode acontecer também quando uma pessoa que não tem a doença se exercita muito ao longo dos anos, podendo ocorrer aumento de espessura e/ou de volume do coração, porém, de uma forma saudável ou limitada.

A miocardiopatia hipertrófica é uma doença familiar, sendo comum que exista mais de um caso na mesma família e, por isso, quando detectado o problema no jovem, é aconselhável seus familiares passarem por uma criteriosa avaliação cardiológica, uma vez que, a manifestação clínica nesta situação é muito frágil, sendo que, o único sinal eventual da existência desse tipo de problema, precedendo a morte, pode ser a perda de consciência, um desmaio rápido durante um exercício e nesses casos é preciso investigar.

O segundo problema, a hipertermia, ocorre quando alguém faz um exercício exaustivo, principalmente sob um calor muito forte e num dia de muita umidade no ar.

A situação é facilitada pelo excesso de roupa e/ou roupas impermeáveis que dificultam a evaporação do suor, pela falta de hidratação e por uso de “queimadores de gordura” – os populares termogênicos.

Nesse caso, o organismo, que em condições normais se aquece durante o exercício diante da dificuldade de promover a evaporação do suor, mantendo a temperatura num nível aceitável, começa a aquecer de forma perigosa.

Imagine o atleta que corre sob o sol ao meio-dia, por exemplo, podendo chegar a uma temperatura corporal de 40º a 41º graus, a que risco se submete? Nessa ocasião, pode ocorrer lesão cerebral irreversível, importante desequilíbrio hidro-eletrolítico – pela perda de água e sais minerais – e uma arritmia que pode levar à parada cardiorrespiratória e à morte súbita.

Nesse segundo caso, entretanto, há sintomas fáceis de detectar: fadiga acentuada, dor de cabeça, câimbra, arrepios, náuseas, em presença dos quais o atleta deve parar imediatamente o exercício e tomar as devidas providências (hidratação, reposição dos sais minerais, esfriamento do corpo e etc).

Desta forma, o recomendado é que se evite o exercício que leva à exaustão, que se prefira sempre uma atividade física moderada e que os atletas façam uma avaliação cardiológica antes de iniciarem um programa intensivo de treinamento, embora nenhum exame dê garantia absoluta de que não haverá problemas, exercitar-se é realmente muito importante, mas a atividade esportiva e competitiva sempre envolve algum risco.